VESTIMENTAS DO CANDOMBLE

Os homens, quando participam de rituais nas dependências do Axé, usam “roupa de ração”, uma calça amarrada com cordão, espécie do modelo pijama e camisa de mangas, Possibilidades de uso do pano da Costa curtas. O tecido é o simples;

-Não devem vestir bermudas ou short, especialmente se transitam em ambiente sagrado;
-A camisa de “ração” é sempre a mais indicada para os noviços. Caso use bata, esta tem que ser curta, somente ou Egbón pode usá-la mais longa, nos moldes africanos;
- Os filhos de santo podem usar roupas coloridas, dependendo da ocasião e da correspondência com a divindade;

Após três anos de obrigação, os filhos de santo podem usar chinelos;
-Uma Abiyan usa poucas anáguas. Suas saias e pano de Costa também devem ser de tecido simples, como morim ou algodãozinho. O Camisu deve ser simples, segundo modelo tradicional, com rendinhas na barra e mangas (opcional);
-O Ojá deve ser amarrado de maneira uniforme, tanto para Ayaba como para o Abòrixá Okunrin. O laço do peito pode ser mais aberto para a Ayaba, mais gracioso. Será mais discreto, em forma de gravata, para o Okunrin;
- As Abiyans andam descalças, de cabeça baixa, que designa a condição de pré-iniciadas;
- As Ayabas usam anágua com mais roda que as Olòrixá Okurin. Os Camisus devem ser engomados;
- Somente às Olòrixás Okurin, em qualquer hipótese, independentemente de tempo de iniciação e hierarquia, é permitido uso de fios de conta atravessados;
- As Ayabas podem usar brincos, argolas, como símbolo de feminilidade. Isto não é permitido às demais, exceto às filhas de Oxalá, Xangô, Logunedé e Oxumarê. Os brincos desta podem conter búzios. No entanto, os brincos devem ser discretos, em harmonia com a ocasião e os trajes rituais. A preferência é por modelo de argola, tradicional ao longo de muitas gerações, chamado de “argolas de saia”;
- As Ayabas filhas de Oxalá e Logunedé usam pulseiras e anéis. As de Oxumaré usam braceletes de búzios;

-O torso da Olòrixá Obinrin é arrumado com as pontas para fora, à mostra, que denota um certo charme;
- As Egbóns têm direito ao uso da bata sobre o Camisu, substituindo, assim, o laço no pano da Costa. Elas se destacam das demais pela bata, símbolo da maioridade religiosa. A determinação do uso das batas no término de suas obrigações foi feita por Mãe Aninha. As Adosus maiores devem respeitar e manter as tradições do Axé… . Algumas senhoras ainda desrespeitam, talvez por ignorarem, a ordem da fundadora do Axé…, e circulam pelo terreiro de Camisu, sem pano da Costa. Este fato foi comprovado por Mãe Stella quando de minha visita ao Axé…
-Alguns terreiros são mais rigorosos e o uso da bata é reservado às altas autoridades do Egbé. As filhas de santos comuns vão ao barracão descalças em dia de festa, vestindo Camisu, pano da Costa, laços e saia sem anáguas, de morim ou de tecido simples, como o algodão ou chitinha;
Maneiras de usar o Ojá e o pano da Costa
- No caso das Egbóns, o pano da Costa deve ser colocado na cintura elegantemente ou sobre o peito, jamais deve ser enrolado ou torcido, feito uma faixa ou Ojá, na cintura. O uso da bata dispensa o laço.
- Uma iniciada deve saber usar o pano da Costa, pois este é uma peça do vestuário muito importante. Outro fato relevante é quanto à estampa e cor do tecido. São adequadas as estampas em listras e quadros que lembram as formas presentes na indumentária nigeriana. Quando feitos de tecido liso, devem ser de cores claras: branca, bege, rosa ou azul-claro. Nunca devem ser de cores quentes, berrantes, de seda ou estampados vivos, o que causaria “risos” entre as iniciadas mais antigas.
- Pano da Costa na cintura ou no peito é demonstração de trabalho, assim usados no barracão, quando em função religiosa. Caso contrário, no dia-a-dia do terreiro pode ser “jogado” sobre o ombro direito e se mantém esticado ao longo do tronco. Não se “dança” sem esta peça da indumentária. Mesmo fora do trabalho, para visita ou passeio o seu uso é indispensável. Em casas tradicionais, quando uma iniciada chega sem o pano da Costa é comum a proprietária do terreiro emprestar um à visitante, que, em sinal de educação ou respeito, coloca-o sobre o ombro direito ou, se entrar na roda, usa-o de maneira adequada à sua posição dentro da hierarquia do Candomblé;
- O pano da Costa é a peça de maior significado histórico dentro do vestuário africano, em conjunto com o torso. O uso de saia, Camisu ou bata e pano da Costa são indispensáveis dentro do Axé… A maneira de amarrar, colocar ou “enrolar” o pano varia de acordo com a situação, o ritual desenvolvido ou a posição hierárquica;
-A saia, o Camisu e as anáguas são heranças europeias do século passado, e ao longo dos anos sofreram algumas variações;

-Iyáwô não usa o pano na cintura, mas sim enrolado no peito. O laço é reservado para o barracão e para as que estão de obrigação. Especialmente nesta situação, o laço sobre o pano da Costa é indispensável;
- Entre as Egbóns é indispensável o uso do Camisu sob a bata. Esta nunca deve estar em cima da pele, diretamente;
-A Olòrixá tem de usar uma anágua mole, sem goma, sob asaia, para compor o traje tradicional. É intolerável que as Egbón Àgba omitam o uso desse ornamento;
-Mãe Aninha determinou o uso do torso, denominado Ojá de cabeça, como complemento das vestes religiosas, que deve ser usado no barracão e em rituais, especialmente no Axexê;
- Existem pesquisas sobre o uso do Ojá de cabeça e a Olorisá não deve usar da maneira que achar melhor. Há uma tradição de se cobrir o cabelo, seja ele crespo, liso ou encaracolado. Há muitas maneiras elaboradas ou rebuscadas de arrumação do Ojá, mas estas devem estar restritas à situações internas do terreiro.
- Ojá de Iyáwô deve ser mais discreto. Nas Ayabas o torso pode ter as pontas para cima, formando uma espécie de “orelha” ou “borboletas” laterais. As Egbóns podem amarrá-los com maior elegância e realce.

Diferentes usos do Ojá e do pano da Costa serve, deixar aparecer parte do cabelo ou coque na parte superior da cabeça;
- Ojá de cabeça não cobre a testa, nunca;
-As saias de todo o grupo devem ter um comprimento que cubra os tornozelos. É deselegante o uso de saias curtas ou no meio da perna, principalmente se deixarem aparecer as anáguas engomadas.
Há uma passagem da entrevista de Joaquim Motta em que ele diz que Mãe Aninha tinha um cuidado especial com as vestimentas das filhas do Axé… As roupas eram conferidas pelas mais velhas. Quem estivesse com as anáguas mal passadas, sem roda ou deselegantes, não podia participar das festas. A vestimenta poderia ser de chita ou de morim, mas deveria estar bem passada, engomada e limpa. Mãe Aninha acrescentava que “pelo jeito do barracão se via o jeito do terreiro”.



Comentários

  1. Parabéns pelo texto, está uma verdadeira cartilha, cheio de ricas informações e esclarecimentos.
    Axé

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  2. Excelente informações estão de parabéns

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  3. Sakidila! Mukuiu Nzambi! Informações importantes!

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  4. Que lindo texto. Sou Yawô há quase dois anos, acabei de receber minha obrigação de ano e tirei muitas dúvidas, através desse artigo.

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